Quando XP Investimentos anunciou na terça‑feira, 29 de julho de 2025, a ampliação de sua participação na Pet Center Comércio e Participações S.A. (PETZ3), o mercado sentiu o impacto imediatamente.
Contexto do mercado de capitais brasileiro
O cenário de 2025 tem sido marcado por forte volatilidade nos índices de ações. Enquanto o Ibovespa avançou mais de 10% no ano, muitas companhias do setor de varejo ainda lutam para acompanhar o ritmo. A B3, principal bolsa de valores do país, tem exigido que investidores institucionais comuniquem qualquer mudança relevante em suas posições, conforme determina a Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Detalhes da ampliação de participação
De acordo com o comunicado oficial enviado à CVM e à B3 por volta das 8h13 (horário de Brasília), XP Investimentos passou a deter 50.194.155 ações ordinárias da Pet Center Comércio e Participações S.A., o que representa 10,85% do capital social – um salto em relação aos 9,88% que já possuía.
A operação foi feita por meio de fundos sob sua gestão, sem a necessidade de compra direta no mercado aberto. A própria XP deixou claro que não tem "intenção ou objetivo de alterar a composição do controle ou a estrutura administrativa da companhia", reforçando uma postura de investidor financeiro estratégico, não controlador.
Reação da bolsa e desempenho da Petz
Logo após o anúncio, as ações PETZ3 registraram alta de 0,78% na sessão da manhã, cotando R$ 3,89 por ação por volta das 11h. Apesar desse ganho pontual, a empresa acumula queda de 2,75% no acumulado de 2025, ainda atrás do desempenho geral do mercado.
O primeiro trimestre de 2025 foi particularmente difícil: a Petz reportou lucro líquido ajustado de R$ 1.060.000, 86,7% menor que no mesmo período de 2024. Esse recuo refletiu a combinação de custos logísticos mais altos e um consumo de bens pet que ainda não se recuperou totalmente da crise de 2023.
- Participação da XP: 10,85% (50.194.155 ações)
- Preço das ações em 29/07/2025: R$ 3,89
- Variação diária: +0,78%
- Queda acumulada da Petz em 2025: -2,75%
- Lucro líquido Q1 2025: R$ 1,06 milhão (‑86,7% YoY)

Posicionamento da XP Investimentos
O Guilherme Benchimol, fundador e presidente da XP, costuma defender a estratégia de "investir sem administrar". Em entrevista ao Valor Econômico – embora não mencionada no comunicado – ele explicou que ampliar participações em empresas sólidas, sem buscar controle, permite ao investidor captar valorização de mercado ao mesmo tempo em que evita custos operacionais e responsabilidades de governança.
Essa linha de ação tem sido observada em outros casos recentes, como a compra de participação da XP na Magazine Luiza e na CVC Corp, onde o objetivo principal foi exposição ao crescimento setorial, não mudança de controle.
Perspectivas para a Petz e próximos passos
O próximo relatório financeiro da Petz está agendado para 13 de agosto de 2025. Analistas esperam que a empresa mostre sinais de recuperação, principalmente nas linhas de receita de serviços veterinários e de alimentação premium, segmentos que vêm crescendo em média 7% ao ano.
Se a estratégia de diversificação de produtos conseguir melhorar margens, a valorização das ações pode acelerar, beneficiando acionistas como a XP. Por outro lado, uma nova queda nos resultados poderia levar a um reavaliação da participação da XP, ainda que sem pressões de mudança de controle.
Em resumo, a XP Investimentos está bem posicionada para observar de perto os movimentos da Petz, sem ter que se envolver nas decisões do dia a dia. Essa relação "passiva estratégica" é exatamente o que muitos fundos de pensionistas e gestores de recursos buscam: retorno financeiro aliado a risco de governança reduzido.
Perguntas Frequentes
Como o aumento de participação da XP pode afetar os acionistas da Petz?
A presença de um investidor institucional maior costuma ser vista como sinal de confiança, o que pode impulsionar a demanda pelas ações e melhorar a liquidez. Contudo, como a XP declarou que não pretende mudar a governança, o impacto direto nas decisões de gestão será mínimo.
Qual a razão da queda de 86,7% no lucro da Petz no primeiro trimestre?
A empresa enfrentou aumento nos custos de transporte, queda nas vendas de produtos de baixo valor e um mix de mercadorias menos favorável. Além disso, a concorrência intensificou a disputa por preços, comprimindo margens.
O que os analistas esperam do relatório de agosto?
Espera‑se que a Petz mostre recuperação nas linhas de serviços veterinários e em produtos premium, que têm margens melhores. Um crescimento de receita acima de 5% poderia reverter a tendência negativa observada no início do ano.
A estratégia da XP de não buscar controle é comum no Brasil?
Sim. Muitos fundos de pensão, gestores de recursos e corretoras adotam essa postura para focar no retorno de capital e evitar custos de governança. O caso da XP reflete essa tendência crescente no mercado institucional.
Existe risco de a XP vender sua participação no futuro?
Todo investimento em ações carrega risco de desinvestimento. A XP pode decidir vender se a valorização atingir metas de retorno interno ou se houver mudanças no cenário macroeconômico. Contudo, não há indicação de que planeje uma venda imediata.
2 Comentários
Maria das Graças Athayde
Poxa, a XP aumentando a participação na Petz me deixa com um mix de esperança e preocupação. 🤔 É bom ver institucional confiando, mas a queda no lucro ainda me deixa inquieta. Vamos acompanhar de perto! 😊
Luciano Pinheiro
Interessante observar como a XP está reforçando sua presença sem buscar o controle direto. Essa postura “de investidor estratégico” costuma gerar valor para os acionistas, pois alinha interesses de longo prazo com a governança da empresa. Ao mesmo tempo, a volatilidade do mercado pode pressionar os resultados da Petz, que ainda luta contra custos logísticos elevados. Acho que o próximo relatório de agosto será decisivo para validar essa estratégia.