Quando Joana Treptow, apresentadora do Jornal da Band anunciou, na terça‑feira, 30 de setembro de 2025, sua saída da emissora, o impacto foi imediato nos corredores de São Paulo. Ao mesmo tempo, Rodrigo Alvarez, veterano da redação, também entregou a carta de demissão, reforçando a sensação de que a Band está passando por um momento de grande reestruturação. Ambos aceitaram propostas da Rádio Transamérica, que se prepara para relançar sob a sigla TMC, focada exclusivamente em jornalismo e esportes.
Contexto: uma década de ascendência na Band
Para entender o peso da decisão, vale lembrar que Joana Treptow começou como estagiária no Grupo Bandeirantes de Comunicação em 2015. Em 2016 foi promovida a repórter, e rapidamente ganhou espaço nos noticiários da capital. Seu grande momento chegou em 2022, quando cobriu a prisão do ex‑presidente Luiz Inácio Lula da Silva e se tornou referência de cobertura política no Brasil.
Ao longo dos dez anos, ela acumulou funções: apresentava a previsão do tempo, comandava o programa Café com Jornal, integrava o #Informei e, nos sábados, fazia parte do rodízio de apresentadores do Jornal da Band. Mais recentemente, chegou a apresentar o programa de variedades Melhor da Noite e o tradicional Band Folia, que anima a rede durante o Carnaval.
O que motivou a saída? A proposta da Transamérica
A nova direção da Rádio Transamérica está nas mãos de João Camargo, empresário que adquiriu a emissora no início de 2025. Camargo pretende transformar a marca em TMC – Toda a Matéria em Casa, com uma grade que privilegia notícias de última hora e transmissões esportivas ao vivo.
Em entrevista concedida ao portal Terra, Joana Treptow descreveu o novo projeto como "moderno, promissor e completo". "Vai muito além do formato tradicional de rádio, e eu estou animada para fazer parte dessa transformação", afirmou.
A proposta inclui a condução da principal faixa matinal da TMC, que deve estrear na segunda quinzena de outubro de 2025. O contrato prevê participação nas decisões editoriais, algo que a jornalista nunca teve total autonomia na Band.
Rodadas de saída: Rodrigo Alvarez e a Band
Enquanto Rodrigo Alvarez deixava a emissora para integrar o mesmo projeto, sua trajetória na TV também se destaca. Formado na TV Globo, chegou à Band em 2021 para co‑apresentar Melhor da Noite ao lado de Glenda Kozlowski e Zeca Camargo. Depois de mudanças internas, assumiu o comando do programa Bora Brasil – que durou menos de dois meses – e estava preparando o lançamento de 60 Minutos, previsto para 2026.
Ambos os nomes foram confirmados pelo colunista Flávio Ricco, do Portal LeoDias, que acompanha de perto as movimentações do mercado televisivo brasileiro.

Reações dentro e fora da emissora
Os colegas de bancada da Band reagiram com surpresa. Na última edição do Café com Jornal, a âncora Glenda Kozlowski dedicou um minuto de silêncio ao dizer que "perde‑mos duas vozes que ajudaram a definir a identidade da nossa reportagem".
Especialistas em mídia apontam que a saída coincide com o anúncio dos planos da Band para 2026, que incluem investimento em conteúdo digital e expansão regional. "É um sinal de que a emissora está reavaliando seu quadro para alinhar o talento ao futuro digital", comenta a consultora de comunicação Lúcia Ribeiro, da agência MediaPulse.
Já o público demonstrou apoio nas redes: tweets como "Boa sorte, Joana! Sua voz vai brilhar ainda mais na TMC" e "Adeus, Rodrigo, obrigado por tantos momentos" foram os mais compartilhados nas primeiras horas após o anúncio.
O que vem a seguir? Implicações para o mercado de comunicação
- Para a Band: precisarão substituir dois apresentadores experientes, possivelmente promovendo jornalistas internos ou buscando novos nomes para reforçar a grade de 2026.
- Para a TMC: a entrada de duas caras conhecidas deve atrair a audiência da Band, especialmente o público que acompanha a manhã e os programas de análise.
- Para o cenário nacional: a disputa entre TMC e a Rádio Bandeirantes, tradicional concorrente de notícias, deve intensificar-se, gerando mais opções de conteúdo jornalístico de qualidade.
Em síntese, a mudança reflete uma tendência maior no Brasil: jornalistas que buscam maior autonomia e plataformas que apostam em nichos de informação ao vivo. Resta acompanhar se a estratégia de João Camargo será suficiente para abalar o domínio da Band no mercado televisivo.
Perguntas Frequentes
Como a saída de Joana Treptow afeta o telejornalismo da Band?
A Band perde uma das apresentadoras mais reconhecidas da última década, o que pode gerar queda temporária na audiência matinal. A emissora anuncia que vai promover jornalistas internos e investir em conteúdo digital para compensar a lacuna.
O que é a nova TMC e por que ela aposta em jornalismo e esportes?
TMC (Toda a Matéria em Casa) é a nova identidade da Rádio Transamérica, lançada sob a gestão de João Camargo. O objetivo é oferecer uma programação 24 h focada em notícias e transmissões esportivas, abandonando o play‑list musical que caracterizava a emissora.
Quem ficará responsável pelos programas que Joana apresentava?
Até o momento a Band ainda não divulgou substitutos definitivos. Rumores apontam para a promoção de repórteres internos ao quadro de apresentadores e para contratações externas que fortaleçam a linha editorial até 2026.
Qual o impacto da mudança na concorrência entre TMC e Rádio Bandeirantes?
A entrada de nomes de destaque como Joana Treptow e Rodrigo Alvarez dá à TMC um impulso de credibilidade, podendo atrair ouvintes que antes sintonizavam na Bandeirantes. Essa disputa pode levar a uma elevação geral da qualidade das notícias no rádio brasileiro.
Quando a nova programação da TMC será oficialmente lançada?
A reformulação está prevista para a segunda quinzena de outubro de 2025, com a estreia da primeira faixa matinal comandada por Joana Treptow.
1 Comentários
Flavio Henrique
A decisão de Joana Treptow representa mais que uma mera transição profissional; é um reflexo eloquente das metamorfoses que o cenário midiático brasileiro atravessa.
Ao analisar o contexto histórico da emissora, verifica‑se que a Band tem buscado incessantemente equilibrar tradição e inovação.
A saída simultânea de Rodrigo Alvarez intensifica a percepção de que há uma pressão estrutural sobre os veículos de comunicação.
Neste panorama, a proposta da Transamérica sob a sigla TMC emerge como um experimento audacioso que visa redefinir o paradigma informativo.
Observa‑se, ainda, que a autonomia editorial prometida a Joana indica uma tentativa de romper com a hierarquia editorial tradicional.
Tal ruptura, se bem implementada, pode servir como catalisador para a democratização da produção de conteúdo.
Contudo, a história nos ensina que mudanças abruptas podem gerar instabilidades temporárias na audiência.
A Band, ao perder duas vozes emblemáticas, deverá reposicionar seu portfólio de apresentadores com cautela.
Uma estratégia prudente poderia envolver a promoção de talentos internos que já compreendem a cultura organizacional.
Paralelamente, a TMC deverá capitalizar a credibilidade de Joana para atrair ouvintes que buscam análises profundas.
A combinação de jornalismo e esportes, quando bem articulada, tem o potencial de criar um ecossistema informativo dinâmico.
É mister, porém, que a nova direção da rádio reconheça a importância da evolução digital.
A integração de plataformas multimídia pode ampliar significativamente o alcance da programação matinal.
Em síntese, este movimento tende a refletir a necessidade de adaptação diante das mudanças de consumo de mídia.
A comunidade jornalística observará atentamente os resultados, como se tratasse de um experimento social em larga escala.
Que, ao final, tanto a Band quanto a TMC encontrem caminhos sustentáveis para servir ao público com integridade e relevância.