Insider projeta R$ 600 mi em 2025 e abre pop‑up no Morumbi

A Insider anunciou que pretende faturar R$ 600 milhões até dezembro de 2025, um salto de 50 % sobre os R$ 400 milhões registrados em 2024. O plano inclui a primeira loja física da marca – um pop‑up temporário no Shopping Morumbi, em São Paulo – e a expansão da linha de produtos além das famosas tech t‑shirts. Fundada em 2017 pelos empreendedores Yuri Gricheno, CEO, e Carol Matsuse, a empresa segue 100 % controlada pelos fundadores, sem nenhum aporte externo.

Como a Insider nasceu e se consolidou

Em maio de 2017, Yuri Gricheno e Carol Matsuse, ambos de 34 anos, decidiram transformar R$ 100 mil – R$ 50 mil de cada um – em um negócio de roupas essenciais. A ideia surgia da frustração com camisetas que amassam, desbotam ou absorvem odor. O duo investiu essa grana em pesquisa de fios de celulose feitos a partir de madeira, criando um tecido que não amassa, não retém cheiro e mantém a forma após lavagem.

O modelo "bootstrapping" escolhido – todo o crescimento financiado pelos próprios lucros – obrigou a equipe a focar em eficiência operacional e em estratégias de baixo custo, como o marketing de conteúdo. Em 2018, apenas um ano após o lançamento, a Insider subiu ao palco do Shark Tank BrasilSão Paulo. Três investidores fizeram propostas, mas os fundadores recusaram, preferindo manter o controle total.

Inovação têxtil como diferencial competitivo

As chamadas "tech t‑shirts" custam a partir de R$ 129, preço que posiciona a Insider acima de marcas fast‑fashion que vendem itens similares por R$ 80 ou menos. O diferencial está no tecido: fios de celulose de madeira criam uma malha que respira, seca rápido e impede a proliferação de bactérias. Durante a pandemia, a empresa aproveitou a mesma tecnologia para lançar máscaras antibacterianas, ampliando seu portfólio sem precisar de grandes linhas de produção.

Segundo Ana Julia Buttner, professora de publicidade da ESPM, "a combinação de influenciadores macro e micro cria uma conexão íntima que gera confiança e acelera a decisão de compra". Esse insight guiou a estratégia de marketing da Insider, que investiu pesado no YouTube, firmando parcerias com canais de fitness, cinema, lifestyle e até ciência.

Aposta no YouTube e no e‑commerce

Desde 2019, a marca aparece em mais de 500 vídeos de influenciadores, acumulando mais de 200 milhões de visualizações. O resultado? Um CAC (custo de aquisição de cliente) 30 % menor que a média do setor de moda online. O e‑commerce, operado diretamente ao consumidor, permite margens brutas de cerca de 45 %, o que sustenta a ambição de chegar a R$ 600 milhões em receita.

Hoje a Insider conta com 1,2 milhão de clientes ativos, 4,4 milhões de unidades vendidas desde a fundação e presença em mais de 40 países, entre eles Estados Unidos, Alemanha e Japão.

Desafios e decisões estratégicas

Recusar o Shark Tank foi mais que um gesto de orgulho; foi uma escolha calculada. O capital externo exigiria diluição acionária e, possivelmente, mudanças no modelo D2C (direct‑to‑consumer). Sem investidores, a companhia teve de financiar cada expansão com o fluxo de caixa. Isso tornou a gestão de estoque e a logística ainda mais críticos, sobretudo nos momentos de alta demanda.

O grande desafio atual é escalar internacionalmente sem perder a identidade da marca. A tradução da experiência de compra online para mercados como a Europa requer adaptações de idioma, políticas de devolução e adequação a normas de proteção ao consumidor.

Pop‑up no Morumbi: o primeiro passo no varejo físico

Pop‑up no Morumbi: o primeiro passo no varejo físico

Em outubro de 2025, a Insider inaugurou um espaço temporário de 250 m² no Shopping Morumbi. Segundo Yuri Gricheno, a loja funciona como "laboratório de experiência": os visitantes podem tocar o tecido, testar a resistência ao suor e até customizar cores no ato.

O pop‑up tem previsão de ficar aberto por três meses, com metas de vender 20 mil unidades e captar feedback em tempo real. Caso os números superem as projeções, a empresa já avalia a abertura de outras lojas‑conceito nas capitais sul‑sudeste.

Projeções para 2025 e além

  • Faturamento esperado: R$ 600 milhões;
  • Crescimento de vendas externas: +35 %;
  • Lançamento de nova linha de acessórios sustentáveis;
  • Expansão para 10 novas lojas‑conceito até 2027.

E tudo isso mantendo 100 % do controle societário. Para Carol Matsuse, co‑fundadora e diretora de produtos, o futuro é "continuar inovando em tecidos, reforçar a presença digital e usar o varejo físico como vitrine de tecnologia".

Perguntas Frequentes

Como a estratégia de "bootstrapping" afetou o crescimento da Insider?

Ao recusar capital externo, a empresa precisou reinvestir todo o lucro, o que limitou expansão rápida, mas garantiu margens saudáveis e total autonomia nas decisões de produto e marketing.

Qual o papel do YouTube nas vendas da Insider?

O YouTube funciona como principal canal de aquisição, com mais de 500 vídeos que geram 200 milhões de visualizações, reduzindo o CAC em cerca de 30 % e impulsionando a reputação da marca entre consumidores jovens.

Quem pode comprar as tech t‑shirts da Insider?

Os produtos são vendidos online direto ao consumidor e, a partir de outubro de 2025, também em um pop‑up no Morumbi. A marca atende a mais de 1,2 milhão de clientes em todo o mundo, com entrega em 40 países.

Quais são os próximos passos da Insider após o pop‑up?

Se o teste gerar boas vendas e feedback positivo, a empresa planeja abrir lojas‑conceito em outras capitais e ampliar a linha de produtos, incluindo acessórios sustentáveis e novas tecnologias têxteis.

Como a Insider se posiciona frente à concorrência de baixo custo?

A marca aposta no valor percebido: tecido anti‑odor, sem amassar e com design premium. Isso justifica o preço a partir de R$ 129, que permanece competitivo frente a marcas que vendem roupas semelhantes por menos, mas sem a tecnologia exclusiva.

10 Comentários

Deivid E

Deivid E

Mais um hype barato pra encher o bolso de quem já tem grana.

Túlio de Melo

Túlio de Melo

É curioso observar como a escolha de manter tudo no próprio caixa molda a identidade da empresa; ao evitar diluição, eles preservam autonomia, porém carregam o peso de financiar cada passo com lucro reinvestido.


Essa postura pode ser vista como um experimento filosófico de autossuficiência dentro de um mercado que glorifica o capital externo.

Cinthya Lopes

Cinthya Lopes

Ah, a Insider finalmente decidiu sair do bunker digital e abrir um pop‑up? Que ousadia, como se consumidores ainda fossem hipnotizados por uma camiseta que não amassa.


Claro, o preço continua alto, mas quem se importa quando a gente pode dizer que está usando “tecnologia de ponta”.

Fellipe Gabriel Moraes Gonçalves

Fellipe Gabriel Moraes Gonçalves

Concordo que o pop‑up é legal, dá pra sentir o tecido na mão e ver se realmente vale o preço.


Se curtirem, ta tudo certo, se não, sempre dá pra voltar pro site.

Rachel Danger W

Rachel Danger W

E aí, gente, vocês já repararam que toda essa “inovação” pode ser um disfarce pra coletar mais dados dos clientes? O shopping Morumbi tem câmeras, sensores, quem sabe até uma rede 5G escondida pra monitorar cada passo nosso.


Fica a dica: desconfiem das vitrines que prometem o futuro.

Davi Ferreira

Davi Ferreira

Vamos celebrar! A Insider tá mostrando que com visão e trabalho duro dá pra crescer sem precisar de grana de investidores.


Se o pop‑up bombar, vai ser inspiração pra muita startup brasileira.

Jeff Thiago

Jeff Thiago

A estratégia de bootstrapping adotada pela Insider, conforme descrita no artigo, evidencia uma escolha deliberada por autonomia financeira, cuja consequência imediata foi a necessidade de reinvestimento integral dos lucros operacionais.


Tal decisão, embora restritiva sob a perspectiva de capital de risco, propicia margens robustas, permitindo à empresa sustentar um CAC inferior à média setorial.


Ademais, a inovação têxtil baseada em fibras de celulose de madeira representa um diferencial competitivo que, ao eliminar atributos indesejados como odor e amassado, gera valor percebido capaz de justificar a faixa de preço de R$ 129, posicionando o produto acima de marcas fast‑fashion convencionais.


O uso intensivo de influenciadores no YouTube, contabilizando mais de 500 vídeos e 200 milhões de visualizações, demonstra uma compreensão sofisticada das dinâmicas de marketing digital, particularmente no segmento de consumidores jovens, que valorizam autenticidade e relevância cultural.


A ausência de aporte externo, no entanto, impõe uma disciplina rigorosa na gestão de estoque e logística, especialmente em períodos de alta demanda, exigindo sistemas de previsão de demanda altamente precisos e parcerias logísticas eficientes.


Quando se projeta a expansão internacional, a Insider deve contemplar adaptações regulatórias específicas de cada mercado, como normas de proteção ao consumidor na Europa, políticas de devolução e traduções localizadas que preservem a identidade da marca.


O pop‑up no Morumbi, ao servir como laboratório de experiência, tem potencial de gerar insights valiosos sobre preferências de cor, tactile feedback e personalização, exercícios essenciais antes de um rollout de lojas‑conceito em outras capitais.


Se as metas de 20 mil unidades vendidas forem superadas, a empresa estará posicionada para avaliar a viabilidade econômica de abrir novas lojas‑conceito, equilibrando custos fixos incrementais contra aumento de receita e fortalecimento de branding.


Em síntese, a jornada da Insider ilustra como uma combinação de controle acionário total, inovação de produto e marketing de conteúdo pode gerar crescimento sustentável, embora dependa de execução operacional impecável e da capacidade de escalar sem sacrificar a proposta de valor.

Savaughn Vasconcelos

Savaughn Vasconcelos

Ao analisar a argumentação de Jeff, percebe‑se que a ênfase no bootstrapping pode ser vista como uma metáfora para a independência criativa: ao se recusar ao capital externo, a Insider cria um microcosmo onde cada decisão reverbera diretamente na experiência do consumidor.


Entretanto, a dependência exclusiva de fluxo de caixa pode limitar a velocidade de expansão em mercados onde a rapidez de entrada é crucial, como nos países europeus onde a concorrência já está estabelecida.


Portanto, a tensão entre autonomia e agilidade se torna o cerne da estratégia futura da empresa.

vinicius alves

vinicius alves

Mais um caso típico de marketing inflado, nada além de hype.

Larissa Roviezzo

Larissa Roviezzo

Ah, então você acha que tudo isso é só hype? Na verdade, quem tem coragem de inovar em tecidos e ainda abrir um espaço físico sabe que o mercado precisa de algo diferente, não só de mais um patê de marketing.


Vamos dar crédito onde é devido.

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